Circuitos elétricos no quadro de distribuição: qual a forma adequada de distribuir?
O projeto elétrico residencial fornece as informações necessárias para a correta instalação elétrica de uma residência. Para isso, os profissionais devem seguir uma série de representações e cálculos, que são aplicados de acordo com as normas técnicas vigentes.
Para o funcionamento de uma instalação residencial, muitos cuidados devem ser tomados, como o correto dimensionamento de componentes e cabos, a escolha adequada de componentes e a distribuição dos circuitos da instalação.
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Chama-se circuito o conjunto de pontos de consumo alimentados pelos mesmos condutores e ligados ao mesmo dispositivo de proteção. Todos os circuitos iniciam-se no QDC (quadro de distribuição de circuitos) e finalizam nos pontos de tomadas, iluminação e as demais cargas.
O quadro de distribuição, também chamado de quadro de luz, quadro de força, caixa de disjuntores e outros, é o centro de distribuição da instalação elétrica residencial.
Trata-se de um painel que recebe a energia vinda da concessionária de energia local e leva aos pontos de utilização, ou seja, lâmpadas, tomadas e equipamentos elétricos.
A divisão de circuitos em um projeto elétrico é importante por vários motivos, os principais são:
- Segurança: a divisão de circuitos permite que a eletricidade seja distribuída de forma segura e eficiente em todo o edifício. Isso ajuda a evitar sobrecargas e curtos-circuitos que possam causar incêndios e outros acidentes elétricos
- Facilidade de manutenção: ao dividir os circuitos elétricos em áreas específicas, é mais fácil identificar e corrigir problemas elétricos quando eles ocorrem. Além disso, a manutenção em uma área específica não afetará o funcionamento de outras áreas
- Eficiência energética: dividir os circuitos elétricos em áreas específicas permite que a energia seja distribuída de forma mais eficiente, evitando o desperdício de energia
- Conformidade com as normas: os códigos de construção e as normas elétricas geralmente exigem que os circuitos elétricos sejam divididos em áreas específicas para garantir a segurança e a conformidade com as normas
Infelizmente, uma grande parte das instalações residenciais no Brasil não tem corretamente distribuídos os seus circuitos e muitas instalações sequer possuem um QDC.
Nas casas onde não há distribuição dos circuitos, uma falha geralmente acarreta no seccionamento do disjuntor geral, que provoca o desligamento total da instalação. Isso impede que sejam ligados aparelhos e ferramentas elétricas até que a manutenção adequada do local defeituoso seja realizada.
Essa situação acima ainda é agravada em locais com pouca visibilidade, onde a falta de iluminação artificial proveniente dos circuitos de iluminação é necessária.
O risco de acidente físico numa instalação em que haja falta de iluminação devido a um seccionamento geral é muito alto, principalmente quando a falha ocorre no período noturno.
Como dividir os circuitos da instalação elétrica?
A norma ABNT NBR 5410, para instalações elétricas de baixa tensão, é a que estabelece as diretrizes para a divisão da instalação em circuitos.
A instalação elétrica de uma residência deve ser dividida em tantos circuitos quantos necessários, conforme as recomendações da norma NBR 5410.
Os circuitos terminais devem ser individualizados pela função dos equipamentos de utilização que alimentam, ou seja, não se deve misturar em um mesmo circuito pontos de iluminação com pontos de tomada, por exemplo.
A quantidade de circuitos de uma instalação elétrica depende, entre outros fatores, de sua potência instalada e da potência unitária das cargas a serem alimentadas.
Além disso, há alguns critérios a serem adotados na distribuição dos pontos, e o grau de flexibilidade da instalação futuras necessidades.
Por isso, para realizar a divisão de circuitos elétricos, é necessário primeiro, fazer o levantamento das cargas e potências da residência.
Para que a divisão seja adequada e siga as normas devem ser observadas algumas restrições, confira a seguir!
A carga total deve ser dividida de modo a construir circuitos de potências próximas, porém, sem ultrapassar 1200 watts em distribuições de 127 volts e 2.200 watts em distribuição de 220 volts, em 12 pontos de luz por circuito.
Circuitos de potências próximas garantem um equilíbrio de corrente entre os circuitos. Em casos de circuitos bipolares ou tripolares, este equilíbrio é muito importante para que um polo de um disjuntor bipolar ou tripolar não se aqueça de forma desigual a outros polos.
Cada circuito deverá ter seu próprio condutor neutro. Nos casos de circuitos monofásicos esta regra é essencial para que não haja sobreaquecimento dos cabos elétricos de neutro. A perda de um neutro, o famoso neutro interrompido, pode causar desequilíbrio das tensões de uma instalação e queima de aparelhos eletrodomésticos.
Devem ser previstos circuitos particulares para aparelhos de potência igual ou superior a 1.200 watts em distribuições de 127 volts e de 2.200 watts em distribuições de 220 volts. Alguns exemplos são os chuveiros elétricos, aquecedores de água, fogões, fornos elétricos e máquinas de lavar.
Todo ponto onde a corrente nominal for superior a 10A deve ser instalado um circuito independente.
Estes pontos se complementam com a atual norma de tomadas de 10A e 20A comercial. Os circuitos mencionados acima ou terão uma corrente máxima de 10A ou superiores e deverão ser utilizadas tomadas de 20A.
Circuitos que necessitem de corrente maiores que 20A para um aparelho, devem ser usados uma conexão direta com emendas.
Deve ser previsto pelo menos um circuito para cada 60m² ou fração da residência. Esta medida visa uma divisão por área da instalação e garante fisicamente a divisão dos circuitos em áreas distintas da instalação.
Os pontos de cozinha, copas, copas-cozinhas, áreas de serviço, lavanderias e locais análogos devem ser atendidos por circuito exclusivamente destinado à alimentação de tomadas desses locais.
Geralmente nestes cômodos estão os eletrodomésticos mais potentes de uma casa, por isso, seus circuitos são mais carregados e devem ser distintos dos demais para evitar aquecimento indevido ou sobrecarga.
Em instalações habitacionais, pontos de tomadas e iluminação podem ser alimentados por circuitos comuns (iluminação e tomada) desde que:
- A corrente de projeto do circuito comum não seja superior a 16A
- Os pontos de iluminação não sejam alimentados por um só circuito comum em sua totalidade
- Os pontos de tomadas não sejam alimentados por um só circuito comum em sua totalidade
É muito importante na divisão manter os pontos dos circuitos próximos, não é recomendado que um circuito que alimenta, por exemplo, uma carga de um lado da casa, alimente também um outro ponto do lado oposto da casa.
Devido a grande quantidade de instalações que não possuem a divisão correta de circuitos, conhecer as regras sobre a divisão de circuitos é uma grande oportunidade de trabalho!
Para continuar aprendendo sobre a divisão de circuitos na instalação elétrica, recomendamos que assista o vídeo abaixo.
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