DPS no projeto elétrico: proteção contra surtos e queima de aparelhos
O DPS, Dispositivo de Proteção Contra Surtos, tem se popularizado entre usuários e clientes dos eletricistas, mas, você sabe como um DPS aparece no projeto elétrico? Os eletricistas e projetistas devem se atentar sobre várias informações ao indicar o DPS em um projeto elétrico.
Os surtos elétricos são um dos principais causadores de danos em equipamentos eletrônicos, especialmente em tempos de chuvas e descargas elétricas.
Eles costumam ocorrer devido a interação entre descargas atmosféricas e a rede elétrica, ou mesmo em decorrência da partida de grandes motores e outras anomalias.
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Para proteger os aparelhos elétricos desses fenômenos, existe o Dispositivo de Proteção Contra Surtos (DPS). Neste artigo, o Projetando Elétrica vai explicar o que é DPS, como ele funciona e como escolher o modelo adequado para seu equipamento elétrico.
O que é DPS e como ele funciona?
O DPS é um aparelho essencial para proteger equipamentos elétricos e eletrônicos, evitando que eles queimem.
Esse dispositivo de segurança funciona a partir da combinação entre os seus componentes e materiais internos, como os varistores.
O varistor é um resistor elétrico que muda drasticamente o valor de sua resistência de acordo com a tensão do meio. Ou seja, quanto maior a tensão, menor será a oposição à passagem de corrente elétrica e, quanto menor a tensão, maior será a resistência.
Quando o surto elétrico acontece, o varistor atua dentro do DPS de modo a oferecer um caminho com menor oposição à passagem da corrente elétrica, escoando toda essa energia pelo sistema de aterramento.
Ou seja, em casos de um surto, como a tensão é extremamente alta ao passar pelo DPS, o varistor tende a deixar a resistência do meio próxima a zero.
O disjuntor DPS, também conhecido como disjuntor de desconexão, é utilizado para interromper o circuito próximo ao DPS em caso de maunteção. O desvio do surto elétrico para o aterramento pelo DPS ocorre a uma velocidade muito rápida, dessa forma, o disjuntor ali presente não é acionado, pois a fuga de corrente não é detectada pelo sistema de aterramento.
O protetor de surto possui dois terminais, um conectado à fase ou neutro da instalação e o outro conectado ao sistema de aterramento, isso indica que o DPS é polarizado, ou seja tem um lado certo para a conexão de cada cabo.
Quando ocorre um surto elétrico, o dispositivo de proteção é acionado, fechando um curto entre fase e terra, que não danifica o aparelho, pois o tempo é extremamente curto e a resistência é muito baixa, suportando uma menor corrente.
Simbologia de DPS para projetos
Ao se projetar um circuito elétrico, é importante incluir o DPS no esquema elétrico, para garantir a proteção adequada dos equipamentos.
A simbologia do DPS é representada por um retângulo com três terminais, indicando a entrada, a saída e a conexão com o sistema de terra. Veja na imagem abaixo.
A seguir separamos as principais dúvidas que podem surgir ao escolher e instalar um DPS!
Onde deve constar o DPS no projeto?
O dispositivo de proteção contra surtos deve sempre ser instalado no quadro de distribuição em paralelo com a instalação elétrica.
O ideal, então, é colocar o DPS antes do disjuntor geral, para que seja assegurada a continuidade do serviço: mesmo com a falha do primeiro, o segundo continua a funcionar.
Contudo, também é possível instalar o DPS depois do disjuntor geral, de forma que, nessa posição, a falha do primeiro desative o segundo e ocasione a interrupção da alimentação do circuito, que ficará desligado até o dispositivo de proteção contra surtos ser substituído corretamente.
Um dos terminais ou polos do DPS é conectado às fases ou no neutro da instalação e os seus terminais de saída são conectados no sistema de aterramento.
Qual é a diferença entre um DPS e um estabilizador de tensão?
Muitas pessoas confundem o DPS com o estabilizador de tensão, mas os dois dispositivos possuem funções distintas.
O primeiro é utilizado para conter picos repentinos de tensão, protegendo os equipamentos elétricos contra a ação de raios e surtos de manobra. Já os estabilizadores minimizam pequenas variações de tensão na rede elétrica, independentemente das variações de carga.
É necessário ter um DPS para todos os aparelhos eletrônicos em casa?
Segundo a norma NBR 5410, usada para instalações elétricas de baixa tensão, o protetor de surtos deve ser instalado obrigatoriamente em equipamentos que recebem linhas externas de sinal, como de telefonia, TV a cabo e comunicação de dados. Ainda de acordo com a norma, é obrigatória a instalação do DPS no quadro de distribuição do consumidor em todas as novas instalações.
O ideal é posicioná-lo na entrada da rede elétrica, antes do disjuntor principal, para proteger toda a rede elétrica e os equipamentos conectados à rede.
Existem três tipos ou classes de protetores de surto que podemos empregar nas instalações fotovoltaicas e elétricas em geral: I, II e III.
Os protetores de surto são classificados de acordo com os métodos de ensaio de desempenho, conforme a norma NBR IEC 61643-1.
- Classe I: dispositivos com capacidade para drenagem de correntes parciais de um raio, para áreas urbanas periféricas e rurais, que ficam expostas a descargas atmosféricas diretas
- Classe II: dispositivos que drenam correntes induzidas, em edificações, com efeitos indiretos de descarga atmosférica
- Classe III: dispositivos instalados próximos a equipamentos ligados à rede elétrica, de dados ou telefônica, para proteção fina
Qual é a vida útil de um DPS e quando é necessário substituí-lo?
A vida útil de um DPS varia de acordo com o modelo e a qualidade do equipamento. Em geral, o dispositivo dura cerca de 5 anos. No entanto, é importante ficar atento a sinais de desgaste e mau funcionamento do dispositivo, como luzes de alerta ou interrupções frequentes no fornecimento de energia.
É difícil saber quando e como o DPS vai atuar e com que velocidade ele vai se desgastar, pois isso depende da frequência e da intensidade dos surtos causados por descargas atmosféricas ou outras causas no local onde o dispositivo é empregado.
Após sucessivas atuações, o varistor vai se desgastando e precisa ser reposto, quando sua impedância e sua capacidade de limitação de tensão já são reduzidas.
Um DPS à base de varistor pode conduzir entre 10 e 20 vezes sua corrente nominal e uma ou duas vezes sua corrente máxima.
Nos protetores comerciais o varistor é localizado em um módulo removível, que pode ser substituído, como mostra a figura abaixo.
Todo DPS, por norma, deve possuir um indicador de status. Um sinal verde significa que o dispositivo ainda se encontra dentro da validade, ao passo que uma sinalização vermelha indica que o DPS já não oferece qualquer proteção e precisa ter o seu varistor substituído.
Você leu o nosso conteúdo, mas ainda sim ficou com alguma dúvida sobre o disjuntor DPS (Dispositivo de Proteção Contra Surtos). Confira o vídeo abaixo. Tenho certeza de que ele irá te ajudar.
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